Modalidade individual bateu a marca de R$ 514 milhões no primeiro semestre, alta de 32,3%
Venceslau Borlina Filho
O crescimento e o fortalecimento da economia trouxeram, além do aumento do consumo das famílias, uma outra tendência de mercado: o planejamento familiar. Para isso, são inúmeros os produtos disponíveis no mercado. Porém, não há um produto que tenha registrado tanto crescimento quanto os seguros para pessoas. Segundo dados da Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (Fenaprevi), somente no primeiro semestre deste ano, a venda de seguros cresceu 13,3% em relação ao mesmo período do ano passado, alcançando R$ 7,4 bilhões.
A região Sudeste é a maior responsável pela receita, 65,6%, seguida pela região Sul, com 17,3%, Centro-Oeste (8,5%), Nordeste(6,6%) e Norte (1,7%). Por modalidade, o seguro de vida individual bateu a marca de R$ 514 milhões, alta de 32,3% na comparação com os R$ 388,3 milhões registrados no mesmo período de 2009. Foi o melhor resultado dos últimos 6 anos , disse o presidente da Fenaprevi, Marco Antonio Rossi. O levantamento não inclui o plano de caráter previdenciário, por possuir cobertura por sobrevivência.
O maior volume de vendas de seguros de vida individual deve-se ao aumento de renda e oferta de crédito, principalmente para as classes C e D, que ascenderam e estão tendo mais acesso ao consumo , disse Rossi. Um exemplo é o da funcionária pública Beatriz de Lourdes do Nascimento, de 31 anos. Após conquistar a estabilidade no trabalho, ela adquiriu um seguro de vida para o pai, tendo como beneficiários toda a família. Pago pouco por mês e, na falta do meu pai, não vou precisar me preocupar com dinheiro ou custos com velório , disse.
A securitária Eliane Peluci, de 43 anos, convive com o mercado de seguros e, há cinco anos, paga seguro de vida para não deixar os filhos, atualmente com 20 e 18 anos, sem qualquer recurso para planejamento familiar pós-morte. Sou separada e, caso venha a faltar, quero deixar algum recurso para meus filhos, para que eles possam seguir adiante, aproveitar bem esse dinheiro , disse. Acho que seguro de vida é um investimento, e todas as pessoas deveriam pensar nisso em algum momento da vida , completou.
Profissional
O consultor de seguros Guilherme Ciarrochi Ferreira, da Mongeral Aegon, disse que as pessoas entre 30 e 45 anos são as que mais contratam seguro de vida. Segundo ele, são pais de família que pensam em deixar recursos quando faltar, ou casais em que ambos trabalham e têm vida ativa, além de profissionais liberais que aplicam recursos na iniciativa privada para garantir aposentadoria ou uma renda mensal. O fato é que mais pessoas procuram por seguro de vida, e isso está ligado ao momento econômico que vivemos , disse.
No Brasil, a regulação dos seguros de vida é feita pela União. A idade mínima para aderir ao processo é de 14 anos. Não há limite máximo, porém, de acordo com a operadora, há um tempo de carência que pode variar de meses a até dois anos. Entre os mais tradicionais tipos de seguro, há o comum e o resgatável. No comum, o pagamento mensal é menor e não há possibilidade de resgate. Já no resgatável, as contribuições são maiores e, portanto, indicado para quem pode pagar mais.
Para o economista Antonio Carlos de Azevedo Lobão, o mais importante na hora de contratar um seguro de vida é saber o perfil da seguradora, se tem liquidez e há quanto tempo atua no mercado. Essas referências são importantes para que, no momento de maior dor para sua família, o sofrimento não seja ainda maior e caia numa disputa judicial envolvendo recursos, gastos com velório e sepultamento, entre outras coisas que envolvem a morte de um familiar , disse.
A segunda dica é consultar diversos corretores, porque pode haver diferença entre um e outro, dependendo da porcentagem recebida no negócio. A comparação, a pesquisa, são sempre favoráveis na aquisição de um produto, seja um seguro de vida ou uma TV , afirmou o economista.
A terceira dica é verificar a facilidade de resgatar o prêmio. Fuja das corretoras que colocam a burocracia na frente do momento delicado em que você está vivendo , disse Lobão, que tem seguro de vida para garantir atendimento à família quando faltar.
A Confederação Nacional das Empresas de Seguros Gerais, Previdência Privada e Vida, Saúde Suplementar e Capitalização (CNSeg) apresentou, durante a 2ª Conferência do Consumidor, encerrada ontem, em São Paulo, a Carta da 1ª Conferência Interativa de Proteção do Consumidor de Seguro. O documento expressa os desafios e as ações que precisam e devem ser desenvolvidas para melhorar a relação entre mercado e segurado. Os principais desafios do setor apontados no documento são: melhorar a comunicação com os consumidores; facilitar a compreensão dos contratos e ao mesmo tempo a tecnicidade determinada pelos órgãos reguladores; aumentar a confiança do consumidor e os mecanismos de diálogo; e ampliar a cultura do mercado segurador para todos os segmentos sociais.
As transformações no mercado de seguros de vida são constantes. Porém, nenhuma delas mexe tanto quanto a possibilidade de regulamentação dos microsseguros que, de acordo com a Superintendência de Seguros Privados (Susep), têm potencial para atingir um público estimado em 100 milhões de pessoas. Dessa forma, o futuro que nos espera dentro do universo dos produtos diferenciados e inovadores apontam para seguros desenhados de forma a conectar o conceito de inclusão social com a capacidade de trabalhar em larga escala , disse o analista de mercado Rodrigo Fernandes Pessoa.
Por enquanto, já existem algumas iniciativas pioneiras em seguros massificados que resultaram em produtos de laboratório para os microsseguros. No caso da ACE Seguradora, foram criados seguros de baixos valores para moradores do Morro Santa Marta, em Botafogo, no Rio de Janeiro, que foram vítimas das chuvas. A Bradesco Vida e Previdência lançou também neste ano o Primeira Proteção Bradesco , que custa R$ 3,50 mensais e garante indenização de R$ 20 mil para cobertura de morte e invalidez. Segundo a assessoria de imprensa do banco, o produto já vendeu mais de 300 mil apólices no País.
Parcela
Com os microsseguros, o cidadão poderá pagar sua parcela até pela conta do telefone. Essa é uma tendência que ainda está em criação e o mercado está ansioso para que tudo isso seja colocado em prática , disse Guilherme Ciarrochi Ferreira. Atualmente, associados à Fenaprevi, existem 20 seguradoras, sendo sete vinculadas a bancos como Bradesco, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, HSBC, Itaú, Santander e Unibanco AIG.
Fonte: Correio Popular