As seguradoras têm encontrado no varejo e em empresas de prestação de serviços, como energia elétrica e telefonia, um bom canal para vender seus produtos de forma massificada.
Em geral, são apólices de baixo custo distribuídas para uma grande base de clientes.
Mas engana-se quem acha que, por conta do baixo ticket, o número de acionamento das apólices em caso de sinistro é pequeno.
A divisão de massificados da corretora Marsh fez um levantamento em sua carteira para ver se, de fato, o consumidor aciona o seguro. E o resultado foi positivo.
No primeiro trimestre deste ano, houve um crescimento de 36% no número de pedidos de indenização, o equivalente a R$ 13,1 milhões em sinistros pagos.
A maior parte das ocorrências foi de seguros prestamistas – apólices que cobrem o pagamento de financiamentos feitos pelo segurado em caso de morte, invalidez e perda de renda por doença ou desemprego, dependendo da cobertura.
Esse seguro é uma proteção financeira para empresas que vendem a crédito e para o consumidor que não fica inadimplente no caso de invalidez. Mas se as taxas de desemprego já caíram em relação à crise do ano passado, por que os sinistros em prestamistas continuam crescendo?
“A carteira de prestamista mais do que dobrou no primeiro trimestre, ante o ano passado, registrando um crescimento de 105%. Com o aumento da carteira, cresce o número de sinistros”, explica Paulo Kudler, gerente executivo da Marsh Affinity.
Prestamista
Na época da crise, a Cardif, seguradora do grupo BNP Paribas, viu a sinistralidade de sua carteira de prestamista crescer 50% no primeiro trimestre de 2009. “A frequência de sinistros acompanha o número de apólices vigentes. No ano passado, a frequência de sinistros cresceu mais rapidamente do que o nível de negócios”, comenta o presidente da Cardif do Brasil, Alexandre Boccia.
A seguradora só atua com canais de distribuição alternativos, por meio de parcerias para distribuição de seguros. Segundo Boccia, outro produto que também apresentou um bom crescimento foi o seguro residencial e o de garantia estendida, na esteira do aumento do consumo.
“No varejo, o carro-chefe é o produto de proteção financeira”, diz Rogério Alves, vice-presidente da Aon para a América Latina. “E agregamos outros produtos, como a garantia estendida e agora também temos garantia para usados”, completa. “A frequência de pedidos de indenização tende a aumentar, pois é natural que as pessoas usem cada vez mais e melhor o seguro”, diz Boccia.
Ele explica que é comum, no canal massificado, um produto ter mais de uma cobertura, que às vezes não é usada, como uma assistência atrelada à apólice.
Kudler, da Marsh Affinity, explica, porém, que a evolução dos sinistros não é preocupante para as seguradoras, pois os valores são pequenos e o risco é diluído no total da carteira de massificados, que na Marsh tem um total de 5,5 milhões de segurados.
Data: 25.06.2010 – Fonte: Brasil Economico | Thais Folego